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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Por que os budistas usam incenso?


Retirado do blog de André Otávio Assis Muniz (Budismo Aristocrático); muito esclarecedor, desmistificando o uso do incenso e trazendo-nos uma explicação convincente do seu simbolismo.



Muita gente gosta de incenso e o queima em seus lares e locais de trabalho. O incenso está à venda em muitos pontos comerciais da cidade. No entanto, pouca gente sabe seu real significado.
As pessoas têm variadas explicações para utilizarem o incenso. Umas gostam do aroma, outras acham que o mesmo serve para “tirar a energia negativa”, outras que é uma defumação com o objetivo de trazer “boas energias” etc. Vamos tentar compreender melhor isso.

O incenso é utilizado pela humanidade há muito, muito tempo. Foi trazido ao mundo ocidental do Oriente e da África. No Oriente Médio, por exemplo, utilizavam (e ainda utilizam) várias madeiras resinosas aromáticas (como o Olibanum e a Mirra) para fabricar o incenso.

Nas igrejas cristãs, como a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, o incenso é símbolo das orações dos fiéis, que sobem aos céus como a fumaça do incenso.

No Budismo o incenso (dhupah em sânscrito, xianghuo em chinês e senkô em japonês) sempre foi utilizado, desde a Índia, sua terra natal. Na Índia pré-budista já se utilizava o incenso nos rituais prescritos nos Vedas (principais livros sagrados da Índia Antiga). Ainda hoje a Índia é a maior fabricante de incenso no mundo.

Muitos budistas acham que o Buda “gosta” do cheiro do incenso, ou que os espíritos dos mortos são de alguma forma beneficiados com o incenso ou, ainda, que é para “tirar energias negativas”, como já citamos no início.  Isso não é verdade. Na verdade, o incenso é um símbolo muito mais bonito que essas lendas.

Quando é aceso se consome lentamente, espalhando seu aroma agradável em todas as direções que o circundam. Assim, para o Budismo, ele simboliza a prática da moralidade e das boas ações. O ser humano, ao praticar boas ações, espalha o suave aroma da bondade em torno de si e dos outros, consumindo seu tempo em ajudar ao próximo de várias formas. Da mesma maneira, conforme o tempo passa, a vida do incenso vai se tornando mais curta, aproximando-o de seu fim. Assim também é a vida de todos os seres. Lentamente vai se escoando, apesar de muitas vezes nos esquecermos disso.

O incenso, então, simboliza que devemos perfumar nossa vida e a vida das outras pessoas com o doce aroma das boas ações. Também simboliza que o tempo não pára. Assim como o incenso aceso se consome por inteiro, nossa vida também está passando, sem cessar.

Quando acendemos um incenso, devemos nos lembrar que o “aroma” de nossas ações deve ser doce, agradável e que devemos aproveitar bem o tempo, pois ele não pára para nos aguardar.

Acender incenso em memória dos ancestrais é como se, simbolicamente, estivéssemos nos comprometendo a fazer o bem que nossos ancestrais nos ensinaram a fazer e, ao mesmo tempo, nos lembrando que, assim como nossos entes queridos se foram, nós também iremos um dia.

Queimar incenso na frente do Buda é um ato simbólico de comprometimento com a ética budista e com o ensinamento sobre a impermanência de todas as coisas.

Por isso, é importante aproveitar bem o tempo.

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