Pesquisa

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A Relação do Desejo Tríplice com os Seis Sentidos e os Seis Objetos Externos

A Relação do Desejo Tríplice com os Seis Sentidos e os Seis Objetos Externos
por Marcelo Prati (Renji)

A literatura budista classifica o desejo e suas relações através dos seis sentidos, objetos sensoriais, o desejo tríplice e os três períodos de tempo.


Ou seja, os nossos receptores de estímulos:

  1. Olho;
  2. Ouvido;
  3. Nariz;
  4. Língua;
  5. Corpo; e
  6. Mente.
Somados aos objetos externos:
  1. Formas;
  2. Sons;
  3. Aromas;
  4. Gostos;
  5. Contatos; e
  6. Conceitos.
Multiplicados pelo desejo tríplice:
  1. O desejo de satisfação dos sentidos;
  2. O desejo de ser (eternalismo);
  3. O desejo de não-ser (niilismo).
Multiplicados pelos três períodos de tempo:
  1. Passado;
  2. Presente;
  3. Futuro.
Explicando de uma forma resumida o processo com um exemplo: Através da interpretação do olho vinda de um estímulo da forma, que se torna desejo de satisfação dos sentidos vinculada a uma lembrança do passado. Trocando em miúdos, a lembrança de algo que se tinha o prazer de observar e agora não existe mais, ou está fora da visão. A vontade de satisfação desse anseio cria um vínculo imaginário com o passado e sabendo que tal objeto de satisfação declinou e desapareceu, o apego àquela sensação abre as portas para o sofrimento. Ou numa outra ilustração, quando é formado na mente um conceito que é caracterizado pelo desejo de não-ser aplicado no momento presente. A base do niilismo pseudo-filosófico que se desdobra no hedonismo inconsequente. Essas combinações são o processo que leva à formação do desejo e do apego que guia inevitavelmente à insatisfação e ao sofrimento.

6 (objetos dos sentidos) + 6 (objetos externos) = 12
12 x 3 (desejo tríplice)  = 36
36 x 3 (três períodos de tempo) = 108

Vale lembrar que a insatisfação não se encontra nem nos objetos e nem nos órgãos dos sentidos, mas sim na relação, na nossa própria atitude diante dos estímulos. E uma curiosidade: O juzu, o rosário budista, possui 108 contas. Sempre consciente dessa relação, entendendo que ela é vazia de essência real e não pode se sustentar, consequentemente da impossibilidade de atingir a felicidade através da busca de satisfação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário